DRAMA. cinco naufrágios e um crepúsculo

SOBRE O ESPECTÁCULO

À volta daquilo que Diderot designou por “género sério”. Sem esquecer que na tradição anglo-saxónica, drama, designa tão só a escrita para teatro. Nesta dupla acepção do tema fomos construindo cenas que respeitassem quer a escrita, quer o tom, afastando-nos, por ora, de criações que têm por timoneiros a ideia, a experiência autobiográfica, o “l’air du temps”, etc... Simplesmente subjugar-nos ao primeiro impulso - o texto, que aqui nos é dado por Odon von Horváth, Eugene O’Neill e Marina Tsvetaieva, os três autores convocados. Sem teoria em cena, sem multimédia, sem grande distanciação: interpretar dramas proporcionados por estes três universos. Por momentos, a ilusão volta a ser importante… o acreditar…nada de cinismos.

As estórias versam naufrágios, com ou sem mar, e um crepúsculo, o cenário que Horváth escolheu para situar “Ein Epilog”.

Tudo o que se passa antes desta cena (a última) foi escolhido e seleccionado tendo como desfecho, precisamente, este epílogo em forma de crepúsculo.

O que resultou, poderíamos designar por uma “sucessão de frescos”, à volta de ideias de separação, despedidas, naufrágios, tectos que desabam, crianças que não chegam a nascer, falta de perspectivas, princesas infelizes, tubarões, afogamentos, mães, vozes, rios, convéses abandonados, cartas… muitas cartas portadoras de desgraça, maldições, relógios avariados, relógios desaparecidos, paragens exóticas, enforcados e o inevitável véu negro da noite…

FICHA TÉCNICA

guião CÃO SOLTEIRO
tradução CÃO SOLTEIRO. JOÃO BARRENTO (odon von horvath a partir do alemão)
encenação MIGUEL LOUREIRO
cenografia NUNO CARINHAS
figurinos MARIANA SÁ NOGUEIRA
desenho de luz. ALFRED rowland
actores PAULA SÁ NOGUEIRA. PAULO LAGES
confecção de figurinos MESTRA TERESA LOURO. PALMIRA ABRANCHES. NATÁLIA FERREIRA
máscara NUNO TOMAZ
maquilhagem FILIPE FRANCO
desenho gráfico PAULO REIS
fotografia STEVE STOER
responsável técnico JOSÉ MANUEL RODRIGUES
produção e divulgação TIAGO NEVES

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